sexta-feira, 31 de julho de 2015

BERLIM 1945, A QUEDA








  Como disse antes, aqui vai minha resenha sobre o livro de Antony Beevor. Uma obra com 600 páginas de informações sobre os últimos meses do Reich, da Frente Oriental à Capital Nazista.
   O livro começa falando do Natal de 1944, da vontade soviética de se vingar da ação de Lenigrado, em especial das tropas estacionadas com seus generais. Também se fala de como a cúpula nazista estava preocupada com a guerra em duas frentes, inclusive com a "Ceia de Natal" só a base de batata.
 A experiência de Stalingrado, expondo todas as mazelas ao máximo, criou um espírito de "germanofobia" enorme, graças a  e ao próprio Stalin.
  E se alguém ainda não sabe o significado de "vender a alma ao Diabo", o livro é bem didático nessa parte: Stalin realmente sendo uma demonização do ser humano: ganhando mais do que deveria em critério de informação, dizendo ser a favor de uma democracia na Polônia e em outros países que depois teriam seus governos alinhados como satélites a Moscou.
  Ouso dizer que Beevor mudou uma "verdade da vida", pois fica claro que a Guerra Fria começou ainda na Segunda Guerra Mundial, mas especificamente na Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945.
    Voltando a falar do front, é interessante como é mostrado a gana dos soldados soviéticos, que eram em maior número, e o desespero das populações civis da cidades que seriam "libertadas do jugo nazista" para um período de paz e fraternidade.
   A germanofobia que imperava nas tropas, fazia com que as mesmas não se preocupassem em apenas esmagar a resistência nazista, mas também em tirar proveito do que era visto. Cabe dizer, pelo texto, que os soviéticos não dispunham de praticamente nada de material proveitoso em seu dia-a-dia.
   Com soldados de todas as partes da União, onde hoje são países como Turquemenistão, Uzbequistão a regiões como a Sibéria, ao entrarem nas casas do alemães simplesmente ficavam fascinados.
     Mesmo nas mais humildes, o que eles encontravam era superior, e muito, ao que tinham em suas casas.
      Se não bastasse a pilhagem de material, houve diversos assassinatos de pessoas que não poderiam se adequar ao sistema libertador do camarada Stalin, como por exemplo pessoas que tivessem posses e que receberam bem os russos foram executadas tão somente por serem donas de terra.
    Mas também não se pode esquecer sobre a questão dos estupros praticados pelo Exército Vermelho (EV), que eram sistemáticos ou não, de moças de 12 anos à freiras e enfermeiras idosas. Talvez, se é que pode ter maior infâmia, o pior foi o estupro de centenas de mulheres russas e ucranianas, que estavam em território alemão. 
     As mesmas foram levadas como escravas, e quando pensaram que teriam sua vida de volta, depois de anos trabalhos forçados, foram consideradas traidoras da Pátria ou fracas e deveriam sofrer o mesmo que as alemães. Os homens que também foram resgatados, também tiveram um tratamento diferente do que se imaginava, quem tivesse condição iria se juntar ao EV, do contrário prisões em Moscou e na Sibéria.
     O autor causa uma polêmica ao tentar explicar o estupro como ato sexual, pela parte do agressor, e não como um dos crimes mais vis que o ser humano pode praticar.
     Voltando ao confronto, o EV inventou uma tática de "Show de Rock" ou "Ataque de Gandalf e os Rohirins" . Centenas de holofotes de aeroportos numa extensão de quilômetros cegaram as defesas alemães de madrugada, enquanto a infantaria fazia sua parte.
      Do lado alemão, os covardes do partido nazista saiam as dúzias de Berlim, deixando os oficiais da Wehrmach com um gosto doce de sarcasmo no ar, e ao mesmo tempo azedo, pois eles teriam que defender a cidade, e tropas e munições não existiam em número suficiente.
      Isso se deve a loucura de Hitler, que assim como na Prússia Oriental, decidiu não perder mais nenhuma cidade. Inventava exércitos,tecnologias e com isso perdeu homens para defender Berlim.
     Dai em diante, o que se lê é quase um roteiro do filme das memórias de Traudl Junge, dramatizado no filme "A Queda, as Últimas Horas de Hitler", só que com um pouco mais de detalhes, e até mais visceral.
      Antes de finalizar, quero dizer que se existe mesmo um inferno, o mesmo tem em sua área Hitler, Goebbels, Himmler, Matin Bormann, Goering, Stalin, Beria, Abukamov e o Chefe da propaganda Soviética lugares cativos. Milhões de vida poderiam ser poupadas se eles tivessem um pouco de humanidade. E isso só no período de janeiro a maio de 1945.
       Alguém pode questionar o porque de se falar tantos dos soviéticos. A solução é simples: caso o Dia D tivesse falhado, os russos é que tomariam conta. E não saberíamos que tipo de mundo viveríamos.
        Excelente livro. Altamente recomendado. Destaco os capítulos 01, 03, 10, 13, 16, 18, 21, 22, 23, 27 e 28.
        Nota 10,0. com Louvor.



Nenhum comentário: