segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Aparelhagens e sua Cultura

Bem galera, essa minha 2ª postagem é uma minuta de um trabalho de Antropologia que faço junto a Plumma. Para quem não conhece, ou seja quem não é do estado do Pará, as aparelhagens aqui são a forma de diversão mais democrática que existe, pois é possivel ver gente de todas as classes sociais: do filho do empresário ao filho do porteiro da escola da periferia,passando pelos calouros de faculdades públicas e particulares.
Mas nem sempre foi assim, pois como tudo no Brasil, começou meio que de uma forma marginal e restria a um público(entenda-se pobres.)
  1. Histórico

Como dito acima, as aparelhagens começaram de uma forma quase sectária,excludente e excluinte ao mesmo tempo.Em fins da década de 40 do século passado(cara acho que estamos ficando velhos mesmo, mas como homem só envelhece apartir dos 35 e eu tenho 27...) havia 2 tipos de festas: A feita em grandes salões das casas ou em Igrejas e hotéis.

A festa de rua não era bem vista,mesmo o carnaval, era mais considerado o que havia dentro dos salões com a alta sociedade do que o alegre e até inocente carnaval de rua que vigorava neste período. Como o povo brasileiro sempre gostou de uma festa, independente do período do ano, havia sempre pessoas que poderiam se juntar para um famoso e salutar(ui) rala-coxa ou rala bucho.

No inicio eram apenas algumas vitrolas cm varios Lp's e algumas fitas, a preferência era pelos de samba e forró, em seguida a musica regional representada pelo carimbó. Com o tempo entraram outros ritmos como o frevo e avançando mais no tempo a dance music. com isso as aparelhagens já tinham a forma como nós conhecemos, porém ainda estavam reclusas a periferia de Belém e municípios do interior do estado. Algo que se deve falar é que na década de 70 no Maranhão começaram a surgir as famosas radiolas que hoje fazem uma espécie de intercâmbio com nossas aparelhagens.

As mais tradicionais, e que surgiu até uma espécie de rixa como se fossem torcidas rivais, eram ou são(não sei o que houve) Rubi e Tupinambá.Ambas atraiam multidões e foram matérias de reportagens como do fantastico. Apartir da decada de 80 com o brega consolidado, as aparelhagens viveram uma( e até hoje vivem) uma espécie de simbiose com este estilo musical, tão paraense quanto o açai ou o cupuaçu.

2. Frequentadores

A base dos frequentadores é formada por sua maioria por moradores da pereiferia, porém uma nova mentalidade é percebida hoje em dia.Novos frequentadores, com uma nova visão sobre esse tipo de diversão.

Não é incomum se ter pessoas com bom nivel social, em especial a classe média alta de Belém, frequentando as festas. Isso se deve em principio a aparição destas aparelhagens em matérias de rede nacional, o que possibilitou por exemplo a apresentação destas na Assembléia Paraense(O recinto mais burguês de Belém) com o Dj Dinho no Tupinambá no comando.Também como aconteceu com o funk carioca em que a classe média subiu o morro para curtir o som.Também pode-se citado a lei de incentivo a cultura local e que fez com que artistas tivessem suas musicas executadas mais vezes nas radios. se bem que tivemos uma senhora onda de xerox music(quando se pegava a melodia e mudava-se a letra, pegarm até Imagine do John Lenon e Self Control da Laura Branigan) que pra grande maioria expôs a pobreza deste ritmo, o brega.

Porém isso foi só no começo, afinal versões de musicas se ver em qualquer ritmo, e o brega não foge a regra.

Nesse espaço de tempo foi possivel notar também a presença de homossexuais, que sempre estiveram presentes, mas agora de uma forma mais desinibida.É comum se ver eles "montados"(termo que significa enfeitados, prontos para a lida ou de acordo com seu verdadeiro eu que não é o externo ou que ta no RG), e não são pertubados, ficam com seu grupo ,bebem se divertem e vão tranquilos.Lógico que sempre tem um gaiato que gosta de mexer e tal, mas nada como se eles aparececem numa Estação das Docas por exemplo. Há ainda aqueles que tem a sídrome do Ronaldo(cuidado com o alcool galera) que pensam que é uma coisa, mas é outra.

3.Estrutura

Uma coisa é certa: eles tem e dão uma sra. aula de marketing!Não só na parte eletrônica para vender a imagem da aparelhagem, mas como de outros produtos.Há espaço para grifes de roupas,sapatos,bebeidas, equipamentos de som e eletrônicos e até o Governo do Estado aparece como um dos patrocinadores ou parceiros de marketing, como diriam os profissionais de publicidade.

No quesito alimentação há uma espécie de acordo em que apenas um carrino de lanche fornece os sandubas.Há ainda espaço para a comida regional como tacacá, e várias bancas de venda de bebidas e água, se bem que cobrar 2,50 ou 3 reais por 1 garrafa de 600ml é um assalto.Isso tudo foi visto nas festas do super pop som.

Pra finalizar, há ainda fotografos prontos para eternizar momentos em que você está dançando(ou aprendendo como eu), e que graças a tecnologia você leva pra casa em 5 minutos.

Se você pensa em ir vá.Talvez você possa ser meio exigente e tal, mas afinal eu como bom fã do rock anos 80's gostei, você também pode gostar.

Um comentário:

Iêda disse...

Bruno,

Ótimo post!

um abraço,
Iêda